Para quem está iniciando na área de pré-impressão flexográfica e não tem acesso à ferramentas de ponta, as coisas são muito difíceis, seja por falta de treinamento adequado ou informações.Trapping e imposição automáticos, gerenciamento de workflow com um RIP poderoso e tudo mais, tudo isso parece estar muito distante, principalmente em empresas que ainda não conseguiram evoluir sua pré-impressão ao nível que gostaríamos que fosse.
Durante meus primeiros anos nessa área, utilizei o Corel Draw para design, formatação da arte e separação de cores e trapping. Sofri e aprendi muito com esse software, mas afirmo que ele está longe de proporcionar o ideal para que o operador possa ter uma produtividade e qualidade de trabalho decente.
Na falta de um software especializado em pré-impressão flexográfica, eu prefiro o Adobe Illustrator, por inúmeros motivos, que ficarão muito claros no decorrer desse artigo. Quanto aos softwares mais avançados (e caros) já estou preparando uma matéria específica para os mesmos, para que você tenha em mãos informações de toda a gama de ferramentas de trabalho que você pode ter, desde a opção mais barata e manual até a mais cara e automatizada. Apresentarei então, à seguir, as principais vantagens que julgo serem essenciais para o bom desenvolvimento de um trabalho padronizado, reutilizável, organizado e sem erros.
Separations Preview
Essa função inserida desde a versão CS4 do Illustrator foi a mais comemorada por mim, particularmente. Poder visualizar o trabalho final, cor à cor, uma de cada vez e sobrepondo todas no final, é essencial para a eliminação de erros de trapping e facilita muito a vida na hora de transformar o arquivo em no máximo 8 cores. Já recebi trabalhos muito complexos de agências com mais de 25 cores. Impraticável para o mercado flexográfico (até para offset pelo que sei), mas, como vida de arte-finalista não é fácil, estamos aqui pra resolver isso.
Na figura acima você pode identificar as 4 cores presentes nesse trabalho, na aba "Separations Preview". Veja como fica fácil conferir e aplicar os trappings:
Utilizar a separação de cores página a página é muito anti-produtivo, além de possibilitar que o operador cometa muitos erros e tenha que revisar o trabalho inúmeras vezes, sem poder ver o trapping dessa forma. Teste e veja como fica mais fácil e seguro.
Tecla de atalho para trap
Esse macete agiliza muito na hora de aplicar o trapping na arte. Alguns softwares especialistas oferecem tecla de atalho ou trapping automático, que requer apenas algumas configurações iniciais, como a sequência de cores, e qual a cobertura de cada tinta (para saber qual cor é mais clara e qual é mais escura). Depois disso escolhe-se o tamanho do trapping e o tipo de arremate (seco ou arredondado).
No Illustrator não temos tantas opções assim e nem de maneira tão ágil, mas dá pra deixar tudo mais fácil, através da criação da tecla de atalho para o seguinte item do menu:
Object > Path > Offset Path
Para isso, você deve editar os atalhos do teclado no caminho:
Edit > Keyboard Shortcuts
E atribuir uma sequência de teclas de atalho que já não esteja sendo usada pelo Illustrator. Sugiro a sequência: Ctrl + Alt + V
Agora basta selecionar o objeto em que você deseja aplicar o trapping e digitar as teclas de atalho (nesse caso Ctrl + Alt + V) e escolher o tamanho do trapping (mm), se você quer fazer o trapping externo ou interno (valor + ou –) e o tipo de acabamento (miter para cantos retos e round para cantos arredondados). Abilitando a opção preview você pode visualizar as alterações das opções ao vivo.
Arquivo de manta reaproveitável
Muitos operadores costumam fazer o arquivo de print, de separação e de manta no mesmo arquivo. Também costumava fazer dessa forma antigamente, mas depois que aprendi a trabalhar com arquivos separados e especializados para cada função, minha produtividade em função do reaproveitamento de arquivos de mantas (as que possuem as repetições, micropontos, camerom, marcas e toda a estrutura para reaproveitamento de cores) melhorou significativamente.
Um arquivo para print, um arquivo para trapping e um arquivo de manta com a imposição (Step & Repeat). Cada um com sua função. O arquivo de trapping deve conter uma única imagem da arte, e a manta contém os links para esse arquivo.
A chave desse método é que quando você precisar alterar textos ou imagens na arte, você precisará fazer isso apenas uma vez, no arquivo unitário de trapping. Alterado e salvo o arquivo de trapping, quando você abrir o arquivo da manta, tudo estará automaticamente alterado, basta você alterar a versão da arte e a data, pois você está trabalhando com links (referências) do arquivo de trapping.
Arquivo de separação único facilita alteração da manta
Quando você for finalizar outro arquivo da mesma linha de produto, como no caso de refrescos, por exemplo, que mudam o sabor e as medidas são as mesmas, o reaproveitamento de clichês fica muito interessante (principalmente para uma linha inteira de sucos, por exemplo que pode passar facilmente dos 10 itens). Basta fazer os novos arquivos de trapping com as mesmas medidas e centralizações do ítem já produzido, fazer uma cópia do arquivo de manta, renomeá-lo e reutilizá-lo para o novo trabalho. Deve também relinkar o novo arquivo de trapping e alterar os dados do arquivo de manta e pronto. Você utilizou a mesma estrutura da arte anterior sem precisar copiar e colar ou correr o risco de esquecer de alterar uma das imagens ou fazer a nova repetição com uma medida errada.
Arquivo de Trapping único, que será importado como link dentro do arquivo de manta.
Arquivo de manta (imposição) com as imagens linkadas e aplicadas no passo correto, com todas as marcas e micropontos já aplicadas.
Detalhe do arquivo de manta.
Redução do índice de erros
Esse é o objetivo principal dessas dicas. Visualizar os trappings com as cores sobrepostas, visualizar a alteração no trapping ao vivo, arquivo de separação único e reaproveitamento do arquivo de imposição irão facilitar e agilizar muito, permitindo também que você adote ações preventivas e torne-as parte de sua rotina. Se você possuir algum tipo de mecanismo de controle de produção, você poderá medir o índice antes e depois e verificar a eficiência real no seu caso.
Melhora a produtividade
Esse benefício é secundário e virá no decorrer do tempo com a prática, somada à redução do índice de erros (os retrabalhos diminuirão).
Imagens linkadas
Utilizar imagens linkadas, ao invés de salvá-las dentro do arquivo possui vantagens como deixar o arquivo de trabalho menor e mais leve e facilitar alterações na imagem, pois quando você editar e salvar o PSD ou TIF diretamente no Photoshop, quando você abrir a arte, o Illustrator irá lhe avisar de que a imagem foi modificada e perguntar se você deseja usar a nova versão. Esta é outra vantagem. A total integração do Photoshop e do Illustrator proporcionam vantagens únicas, impossíveis de se ter com o Corel Draw.
Possibilidade de trabalhar com cores especiais na imagem
Você pode trabalhar com os Channels em conjunto com os Spot Colors no Photoshop e importá-los no Illustrator. Isso permite utilizar as mesmas cores especiais dos traços, nas imagens, reduzindo o número de cores e dando um toque diferenciado à sua separação de cores. Mas para funcionar, o nome das cores (Spot Colors) devem ser exatamente iguais, no Illustrator e no Photoshop, bem como a cor de visualização escolhida.
Aceita plugins profissionais para pré-impressão flexográfica
Esse ponto considero como uma grande vantagem estratégica. Plugins profissionais para trapping instantâneo, inspeção, conversão de tintas, automação de imposição e marcas, ferramentas específicas para flexo, informações dinâmicas e preflight não estão disponíveis para Corel Draw, apenas para Illustrator. É muito mais fácil encontrar no mercado bons operadores de Illustrator e treiná-los para a utilização desses plugins, do que operadores experientes em ArtPro, PackEdge, MaxPro, etc. A questão do custo dessa mão de obra também não pode ser desprezada. Mas cada empresa tem sua realidade e necessidades, então esse aspecto varia muito e não é uma verdade absoluta. Alguns plugins especiais para o mercado flexográfico são o DeskPack da Esko Artworks e o PaSharp da Founder Electronics.
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