Os gastos com o desenvolvimento de embalagens visam atender às necessidades técnicas e estéticas, contribuindo para a satisfação do consumidor pelo produto. Ao iniciar um novo projeto de embalagem, existe uma série de fatores que devem ser considerados. Consideramos inicialmente as funções básicas que a embalagem deve proporcionar:
- Proteção
- Comunicação
- Rendimento
- Praticidade
- Transporte
- Perdas
A embalagem considerada ideal é, portanto, aquela que consegue cumprir essas funções, da melhor maneira, para um determinado produto em uma determinada época.
Proteção
O primeiro aspecto que deverá ser observado, será em relação às características do produto e sua necessidade de conservação. Com isso poderemos dimensionar o nível de proteção que a embalagem deverá proporcionar.
A embalagem criará um microambiente interno que será mais ou menos influenciado pelo ambiente externo, de acordo com o material utilizado na embalagem.
A barreira criada pela embalagem irá proporcionar algumas características como:
- baixa permeabilidade ao vapor de água;
- baixa permeabilidade ao oxigênio;
- baixa permeabilidade ao nitrogênio;
- baixa permeabilidade a aromas;
- barreira a luz;
- resistência a temperaturas baixas e altas;
- resistência mecânica.
Veja abaixo algumas tabelas de permeabilidades de alguns filmes à gases:
De modo geral, os fornecedores de filmes possuem mais informações específicas sobre cada filme e suas aplicações. Deve-ser escolher o substrato de impressão adequado, levando em conta a necessidade de barreiras ou não e o melhor material para selagem, visando a melhor maquinabilidade e menores perdas no processo de envase.
Uma embalagem de café e outra de refresco em pó. A segunda requer alumínio para máxima barreira, a outra não.
Comunicação
Pesquisas recentes indicam que 70% dos produtos existentes no mercado possuem embalagem. Sabe-se também que mais de 90% dos produtos vendidos em supermercados não tem apoio de comunicação e portanto, dependem única e exclusivamente da embalagem para competir no mercado.
Isso significa que em 90% dos casos, a embalagem representa o sucesso ou o fracasso de um produto.
No entanto a embalagem possui um ciclo, que se for bem controlado e planejado, pode atingir todos os objetivos necessários para obter sucesso.
Antes de chegar ao mercado, a embalagem provoca entusiasmo na empresa, motiva a força de vendas, facilita a negociação. Ao chegar ao mercado, chama a atenção do consumidor, informa o conteúdo e o diferencial do produto, desperta o desejo de compra e agrega valor ao produto e ajuda a vencer a barreira do preço. Depois da compra, a embalagem faz a ligação entre a experiência com o produto e a marca do fabricante, favorecendo assim a recompra. Depois de utilizada, a embalagem pode ser reciclada, voltando ao processo produtivo, sendo essa a melhor solução para o descarte.
Para desenhar uma boa embalagem, o designer responsável pelo projeto deve conhecer o produto, o mercado onde ele vai competir e seus concorrentes, o consumidor do produto e seu comportamento e os objetivos mercadológicos da empresa.
Isso tudo deve estar organizado numa estratégia de design e expresso no desenho da embalagem, só assim se chega a uma boa embalagem, pois embalagens vencedoras não acontecem por acaso, são resultados de um procedimento correto cumprido com dedicação e talento.
Rendimento
Tão importante quanto a qualidade e a estrutura correta, um rendimento adequado da embalagem pode ser crucial para que os custos de um novo projeto não acabem sugando a margem de lucro. É comum alguns compradores levarem em consideração apenas o fator preço (R$/kg) na escolha de um fornecedor. O ideal é aliar a qualidade com o rendimento (custo/m²), que, após testes verificados, podem levar à um maior rendimento por kg comprado. Uma empresa com boa equipe de vendas e desenvolvimento pode lhe trazer resultados ótimos.
Segue exemplo de duas empresas com o fator R$/kg e rendimento diferentes:
Empresa X
Estrutura: Poliéster 12 microns / Polietileno 45 microns
Gramatura: 62,20g/m² (incluídos tinta e adesivo)
Preço: R$ 20,00 / kg
Custo/m²: 62,20 x 20,00 / 1000 = R$ 1,24/m²
Empresa Y
Estrutura: Poliéster 12 microns / Polietileno 60 microns
Gramatura: 76g/m² (incluídos tinta e adesivo)
Preço: R$ 18,00 / kg
Custo/m²: 76,00 x 18,00 / 1000 = R$ 1,37/m²
Apesar da empresa X ter um preço/kg 11% maior que a empresa Y, o custo unitário da segunda empresa é 9% maior.
Embalagens com envase de salmoura requerem uma estrutura com Poliéster de tratamento especial (Saran), para que a salmoura não escureça e danifique o visual do produto. Verificar in loco como é feito o envasamento do produto e verificar as necessidades e características da máquina ou linha de produção, pode ajudar a prever ou resolver problemas.
Praticidade
Conhecimento técnico sobre a embalagem a ser desenhada é essencial aqui. Conhecer a linha de produção e de envasamento, a estrutura dos materais utilizados, as técnicas de impressão, o fechamento e a abertura, plantas técnicas, são todos muito importantes. Fazer uma visita ao convertedor (fabricante de embalagem) e a linha de envasamento são fundamentais.
A embalagem não é apenas mais um componente do custo do produto, é também um componente fundamental da imagem da empresa e do “valor percebido” do produto que muitas vezes é muito maior que o valor “real” do produto.
Transporte
Segundo pesquisas, a grande maioria dos consumidores não faz diferença entre a embalagem e seu conteúdo. Para eles, os dois são uma coisa só, e a experiência do pós-venda e no momento do uso, bem como a própria rotulagem, ajudarão a afirmar uma imagem positiva sobre determinada marca, o que desencadeará uma nova compra e possível fidelização. Mesmo depois de comprada, a embalagem continua a trabalhar para a marca, sendo uma representante desta, junto ao consumidor. O fato de levar o produto ao consumidor em condições ideais de consumo é apenas um item básico, mas nem por isso deve ser menosprezado. Cuidados com a escolha ideal da estrutura, visando o acondicionamento e manutenção das características do produto pelo tempo proposto no prazo de validade devem ser observados.
Perdas
Aqui pode ser mencionado também como “maquinabilidade”, onde mais uma vez, a escolha da estrutura correta acarretará no melhor produtividade possível na máquina envasadora e na gôndola. Testes de COF para correto deslizamento e de solda são apenas alguns exemplos de uma série de testes que a embalagem deverá passar para ser efetivamente homologada para produção final.
Considerações finais
Quanto mais bem projetada a embalagem no início do projeto, menos trabalho terá a equipe de manutenção depois, evitando viagens para ajustes e testes em máquina posteriores à produção da embalagem. Esse aspecto pode complicar muito, principalmente quando se tem um prazo para lançamento de produto.
Recomendo aos produtores e envasadores os textos do Núcleo de Estudos de Embalagem ESPM, que lhe informarão sobre o melhor caminho à ser tomado já no começo do processo de desenvolvimento, o Design. Recomendado principalmente para pequenas e médias empresas, que são as que mais podem se beneficiar de um bom design de embalagens.
Fontes Consultadas:
Gráficos: Manual Poliéster Terphane®
Fabio Mestriner: Introdução ao Design de Embalagem
Fabio Mestriner: Metodologia do Design de Embalagem
Imagens: Lamipack Embalagens
Parabéns pela matéria e pelo blog esta me ajudando muito no desenvolver do meu Trabalho de conclusão de curso.
ResponderExcluirObrigado à você, por acompanhar o blog, Regina. Fico feliz em poder ajudar de alguma maneira.
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